Para Skinner comportamento verbal é um operante modelado e mantido por conseqüências mediadas
por outros. Portanto, poderia ser explicado por meio da descrição de relações funcionais organismoambiente.
Entretanto, ao categorizar os operantes verbais Skinner não tratou satisfatoriamente com
comportamentos de tipo relacional, provavelmente em função da dificuldade em determinar suas
variáveis de controle. Este trabalho procurou analisar a abordagem skinneriana do comportamento
verbal e três propostas que buscam ampliá-la (Stemmer, Hayes e Sidman). Stemmer amplia o alcance
da explicação skinneriana descrevendo processos de aprendizagem relacional e sintático-gramatical
em termos do estabelecimento de discriminações e generalizações, enfatizando o papel de ouvinte
como condição necessária à aprendizagem de falante. Hayes e Sidman apresentam, respectivamente, a
descrição de um novo tipo de operante e de um novo processo comportamental subjacente à
aprendizagem de relações. Ainda que as propostas de Hayes e Sidman estejam alcançando resultados
promissores no ensino de repertórios relacionais, não existe um consenso sobre quais mecanismos e
processos bio-comportamentais são necessários para a aquisição e o desenvolvimento lingüístico.
Sugere-se a necessidade de uma padronização conceitual no que se refere às noções de aprendizagem
relacional, classes de estímulos e classes de respostas generalizadas, visando um re-direcionamento
das pesquisas sobre comportamento verbal.
Skinner (1957) definiu inicialmente o comportamento
verbal como comportamento estabelecido e
mantido por conseqüências mediadas por outras pessoas.
Ao definir desta maneira o comportamento verbal,
Skinner se mantém coerente com seu trabalho
anterior, argumentando que a determinação de
grande parte do repertório comportamental dos organismos,
humanos ou não-humanos, é função de variáveis
ambientais e pode, como tal, ser descrita em termos
de contingências de reforçamento comportamento-
ambiente. A contingência seria, dessa forma,
responsável pelo estabelecimento e manutenção do
comportamento operante, por meio das conseqüências
que o comportamento produz no ambiente. Uma vez
que um evento ambiental está presente no momento
em que determinado comportamento gera a conseqüência,
este evento, em situações similares futuras,
passa a ter uma maior probabilidade de evocar tal
operante: estabelece-se assim o controle de estímulo.
Portanto, o comportamento verbal, para Skinner
(1957), deve ser definido e analisado (como qualquer
outro comportamento) em termos das contingências
de reforçamento, mas levando em conta as diferenças
fundamentais de que 1) as conseqüências a este tipo
de comportamento seriam fornecidas por um mediador
(ouvinte) e 2) que este mediador seja alguém que
faz parte da comunidade verbal na qual o falante está
inserido, sendo, deste modo, capaz de responder adequadamente
aos diferentes operantes verbais emitidos
pelo falante.
Desta forma, o operante verbal poderia ser compreendido
por meio de uma análise funcional das contingências
às quais o organismo é exposto dentro de
sua comunidade verbal – o controle de estímulos sobre
o comportamento poderia aí ser encontrado, bem
como as conseqüências que o estabelecem e mantém.